There is always more then meets the eye!

18
Dez 08

Entrei em casa a pingar. Ping, ping, ping longos e pesados pela escada acima.
Ouvi a porta abrir r fechar e uma orquestra sinfônica de pings, pings, pings apressados atrás de mim. Entrei na casa de banho e abri o chuveiro.
Ele entrou batendo a porta e os pings pararam. Nem me dignei a olha-lo de tão furiosa que estava.
-    Não dizes nada?
-    Vou começar a despir-me!- Olhei-o em desafio e comecei a desapertar o soutien.- Ups, caiu!- coloquei uma mão à frente dos lábios e fiz a cara mais inocente e irônica que sabia.
Ele veio em minha direcção primeiro como uma flecha e depois hesitante. Não sabia o que esperar. Coloquei as mãos nas cuecas e olhei-o.
-    Continuo ou sais?
-    Eu, Sofia... eu...- de um só gesto soltei os laços e as cuecas caíram.- Então António gostas da minha tatuagem nova? Queres ver esta de perto também?
Estava a ser propositadamente provocadora e masoquista. Sabia que teria remorsos e me arrependeria mais tarde daqueles gesto e atitudes impensadas. Mas estava fula com ele e as suas aparições na neblina. Malditas conversas sérias a dele. Seria mais fácil lidar com esta situação se um de nós fosse o vilão. Ele olhou-me e abraçou-se notoriamente perturbado. Falou junto à curva do meu pescoço.
-    Não podias fazer isto. Não vou conseguir não pensar em ti e já é difícil.
-    Era menos doloroso se reagisses com desejo ou desprezo. Abraçarmo-nos foi um erro dos grandes.- Não era pelos corpos nus que já tão bem se conheciam. Era a sensação de posse, de pertença que ficava em nosso redor. Não querer sair dali mesmo que o mundo acabasse.- António, vais ter de me largar! De me deixar ir tal como tenho feito contigo.
Senti o meu ombro molhado. Ele soluçava e o amor e a ternura assaltaram-me. O meu coração ficou pequeno e todo o meu corpo gritava não o deixes, não o largues é teu!
-    António, por favor, peço desculpa pela cena de nudez. Não pudemos continuar assim. Não posso ir-me embora nem mandar-te embora... são últimos momentos da Teresa.
Ele levantou a cabeça e procurou os meus lábios. Entre a neblina que já invadia a casa de banho e os nossos corpos nus deixou de existir norte. Sentia urgência dele, colei-me mais a ele e trouxe-o comigo para debaixo do chuveiro.
Uma batida na porta fez-nos parar.
-    Sofia, António!- Disse a voz do Tiago a sussurrar.- Trouxe a vossa roupa e vou esconder-me no teu quarto. Já deram pela vossa falta.
-    Merda, a Cátia!- Foi como se a água tivesse gelado.
-    Sai daqui António e não digas uma palavra.
Ele conhecia-me bem e fez o que lhe pedi. Se fosse mais frágil tinha chorado de vergonha, de frustração, de fúria.
Peguei na minha roupa e enrolada num lençol de banho lilás sai da casa de banho passando por eles, até o António(que se vestia e despia a velocidade do super-homem), ainda molhada e descalça. Ouvi os comentários da praxe. Tornavamo-nos adolescentes imberbes durante aqueles dias. Não consegui deixar de rir perante os piropos desajeitados e já fora de moda que usavam.
-    Ah, esse roupão de banho é meu!
Come on make my day!(céus parecia que aquela anormal tinha adivinhado o que me faltava para coroar aquele dia longo).Para eles era lógico pela expressão do meu olhar que alguém estava verdadeiramente F-o-...dido!
-    A sério? E Quere-lo muito certo?- todos perceberam que não me referia aquela porcaria com cheiro a lavanda.
-    Sim, é meu! Mas posso emprestar-to.
Olhei pedindo desculpa com o olhar à Teresa e de um puxão tirei o toalhão  ficando ele suspenso por um dedo deixei-o cair.
-    Obrigada mas sempre preferi secar ao ar. Não quero o que não me pertence e não gosto de empréstimos.
O António percebeu e corou e sei que teve vontade de me agarrar e sair dali comigo. O marido da Teresa riu-se à gargalhada:
- Olha, ela tem uma tatuagem nova!
Foi o riso geral. Até me esqueci que estava nua. O Tiago veio em meu auxílio.
Depois de vestida passamos o restante serão a rir, a beber, a conversar a e trocar idéias para filmes que começávamos a ver e não terminávamos.
Todos sabiam que se passava algo de estranho entre mim e o António. Ninguém sabia o porquê de ele ter saído de casa. Sinceramente, nem eu sabia bem porquê... um dia tinha acontecido.
Ao meio-dia, a cair de sono fui encostar-me na cama. Senti uma presença na cama comigo e reconheci o cheiro dele.
- Quero voltar para casa. Quero voltar para nós!
 

publicado por crowe às 21:21

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