Estaria eu a sonhar acordada, a sorrir feliz da vida num dia cinzento para todos e que aos meus olhos estava solarengo e deliciosamente quente e preguiçoso?!
Um daqueles dias em que as mangas da camisa branca me saiam desabotoadas das mangas do casaco e o sorriso teimava em estar tatuado na minha cara sem nenhuma estúpida razão?
Terá sido num desses momentos em que nada me assustava e o vida me parecia tão eterna que a palavra morte parecia algo dito por um intelectual e que ninguém percebe... terá sido num desses momentos que o mundo “girou ao contrario” no seu eixo que o tardar em tomar certas decisões, permitir aproximações, abandonar situações e terminar relações ocorreu a mudança de o “para mais tarde”, “tarde” se modificou e se tornou “tarde demais”?!
Nunca tal me passou pela cabeça...Para mim um pedido de desculpas nunca veio tarde, nunca percebi a presunção de o não explicar JÁ, imediatamente de imediato impossibilitar uma reconciliação ou um entendimento... Terei eu batido com a cabeça quando era pequenina?
Quando se deseja algo “tarde” nunca é demasiado tarde, não é impossível... o tarde da minoria é só uma forma de viver, diferente, das massas de pessoas que fazem tudo igual...
Tarde, pode ser o meio do dia, aquele pedaço de dia que antecede o lusco-fusco e que dá lugar à noite, em que os cinemas abrem, os restaurantes estão abertos, os entretenimentos abrem ao público... Como pode ser então tarde demasiado tarde?!