Imagina-te num espaço imaginário.
Tudo está negro, excepto as frestas
Que brilham ao longe
Frestinhas brilhantes que estão
Longe... Longe...
Estão lá longe no horizonte que não consigo atingir.
Parece que a luz (me) fugiu!
Agora sentes uma brisa terna
Que te envolve o corpo.
Deixa-te levar e vai flutuando na brisa.
Deixa-te ir e, Imagina...
Imagina, que és feliz e o mundo lá fora não existe.
Imagina tudo isto dentro de ti.
Fecha-te em ti, mas não te feches demasiado!
Entra em ti, mas não vás até ao fim.
Começa a viagem a Ti e em Ti sem pressa.
Deixa que a brisa te carregue
Sem medos, sem pressas!
Esquece o mal!
Imagina!
Simplesmente Imagina...
Imagina e sê feliz não deixes que a dor te invada.
Simplesmente, Imagina!
Ilude o mal e a dor.
Mesmo que doa, Imagina
Imagina e deixa que a brisa te carregue.
Quando não fores feliz...
Imagina!
Um beijo ternurento
Dado à chuva e ao vento.
Um corpo sedento esperando amor.
Um pensamento que correr ao sabor do vento.
Duas bocas que se buscam famintas de prazer,
Dois corpos que se enrolam na ternura branca dos lençóis.
Duas almas que se encontram,
Dois espíritos que se completam
O amor que renasce das cinzas …
As cinzas que se tornam incêndio.
Como um verso solto no Universo
Que foi levado por um sopro de vento...
Nos anéis de Saturno encontrado
Bailando ao som de uma música imaginária.
Flutuando através da trilhas de estrelas e dizendo: "Olá!" e "Adeus!"
A outros versos que pairavam
De cá para lá, de lá para cá
Ao sabor do momento
E do pensamento.
Uma "rajada" mais forte atira o pequeno verso
Para as montanhas vermelhas de Marte.
Escalando as consciências escarlates
Das montanhas existentes.
Como um verso solto no Universo
Andamos Eu, Tu e Eles.
Pairando em consciências...
Perdidos no tempo.
Sempre que tento voar... caio!
Sempre que adormeço... sonho!
Neste sonho estás tu... assombrando-me a noite.
Assombrando-me os pensamentos e os dias.
Peço que um dia a tua imagem desvaneça
E eu esqueça! Esqueça o que sinto e não devo!
Esqueça as palavras que tenho para ti e não posso.
Mas, só neste instante e muito baixinho
Vou murmurar no silêncio o que os sonhos
E os pensamentos guardam sozinhos.
Vou murmurar ao céu, à lua, ao sol, aos ventos e mares
Que queria ser mais do que um corvo
De voz áspera e fria
Vagueando neste mundo só e sem alegria... ( que a força que tenho é tua
Que o sorriso dos meus lábios é teu
Que fecho os olhos e te vejo Que sem ti não voo... caio na noite fria!)
Que me perdoes a fraqueza Mas mesmo sem lindas palavras se pudesse...
Diria que o amor que por ti sinto jamais acabaria.
Pega-me na mão com confiança
Leva-me contigo pelo tempo.
Devolve-me as asas e a esperança!
Voa comigo para longe daqui,
Vem para onde a minha voz seja mais que um choro
A tua imagem seja a realidade que quero
E não a fantasia que sonho!
Voa comigo, com as asas que me deste
Para o único local onde posso libertar o que a alma guarda em silêncio:
Preciso de ti!
Pega-me na mão e cola-te a mim.
Sem ti, não tenho asas!
Sem ti, não consigo voar!
Perdoa-me a fraqueza... mas...
... mas sem ti sou ave sem penas,
Anjo sem asas,
Corpo sem vida...
Perdoa querer-te e não poder
Beijar-te em sonhos...
Sonhar abraçar-te todos os dias...
Perdoa-me ter perdido a força
Ter-me rendido à tua!
Perdoa o ter asas, sem serem as tuas
Perdoa a fuga...
Resta-me somente a esperança de sonhar e neles viver
O que a realidade não me permite.
(para aquela pessoa que soube exactamente o que este poema é!)
Sinto a tua respiração no meu cabelo,
Sinto o teu sorriso na minha boca
Se fechar os olhos tenho-te perto
Se esticar o braço alcanço-te sem esforço...
Sem esforço lembro-me de ti a rir comigo
Lembro o que foi e o que poderia ter sido.
Partiste como chegaste:
Um sorriso, um beijo, um abraço.
Chegaste com asas para voar
Sobre os telhados e as consciências
Partiste e deixaste-me qual anjo sem asas
Pairando triste num paraíso negro e frio.
Procuro por ti, nos rostos de estranhos
Procuro por ti, nas ruas, nos ares, nos lagos...
Sinto-te perto e não te vejo!
Não te encontro e desespero...
Sento-me à janela e peço à lua que me dê uma pista tua...
A lua vira-me a cara escondendo-me a tua.
E eu fico somente com a recordação tua!!!
No fundo de um aquário
Isolaste-te sozinha...
Mergulhas só em mares profundos de silêncios mudos,
Noites sem fim tentanto flutuar assim...
Só, numa noite só tua.
Só!
Numa solidão sem céu nem lua.
Só! Andas pela rua
Com a alma nua
Entre as tuas altas torres e muros receando as prisões
Querendo uma liberdade só tua...
Sem perceberes que a liberdade é medo da dor e de sentir
A tua prisão é o aquário que tens como mar
E os sentimentos que escondes.
(para ti Anabela)
Betão armado. Cinzento, tudo cinzento. É a totalidade que consegues ver através de um par de janelas com vidros empoeirados, enquanto a pessoa sentada a teu lado teu lado te olha com cara de poucos amigos e o cheiro a suor te invade as narinas e te chega aos pulmões, aproveitando entretanto para fazer uma pequena paragem no estômago dando-te violentas ânsias de oferecer a todos os presentes o teu almoço, aquele que comeste às pressas e que quase não mastigaste (tal a pressa), regurgitado e com o característico cheiro a “chega-te para lá que hoje só me apetece comer iscas”. Começas então a lembrar-te de rostos desconhecidos que já te passaram pela vida sem saberes o que havia por detrás deles. E relembras aquele desconhecido que te sorriu no Metro e aquela simpática criança que contigo brincava às escondidas por entre os cabelos da sua mãe. Há também aquele cego que vês sempre no mesmo sítio que displicentemente está sentado ao abrigo da chuva e à mercê do frio, do calor tórrido do Verão, impossibilitado de ver mas com uma capacidade auditiva a 101% e que vai ouvindo, lá do seu cantinho, as conversas dos transeuntes. São pedaços de conversas que partilha em silêncio, gargalhadas que ri sem emitir som e lágrimas que chora sem que uma lágrima escorra naquele rosto marcado pela vida e vincado do tempo. Mais à frente lembras-te de ter visto um velho, um velho muito velho, ainda mais necessitado que vai pedindo a quem passa “auxiliem-me por favor!”. Um pedido sem forças como se se tratasse do murmúrio de um qualquer moribundo. Baixo, sussurrando sem forças e com muita, muita dor e ainda mais pena por uma vida que se foi, que se vai, que irá. Uma mão que se estende, que implora piedade e que nada recebe. E assim vais pondo em ordem todas as coisas marcantes que te passam pela cabeça enquanto esperas que a fila de transito ande e que depressa chegues à paragem de autocarro que fica junto à escola, para que a alegria entre e permaneça naquele sinistro transporte público onde todos, desde o motorista até ao pequeno passageiro, estão de mau-humor. Arranca. Para. Arranca e para de novo. E assim se vão passando umas horas, uns minutos, uns segundos sempre à espera que algo vos venha acordar da letargia em que se encontram. Tu e os outros. Uma galinha! Vês de repente, e ao longe, uma galinha que ao correr parece imitar uma avestruz. É um pedacinho branco, vivo e estúpido na imensidão cinzenta e morta. É aquela esperança vã e fugidia que todos temos. Branca, viva e estúpida mas sempre aquela esperança. Viva, Branca, fugidia mas jamais estúpida.